Ex-comandante ucraniano alerta: “OTAN não protegerá Ucrânia nem países bálticos”

Em uma declaração rara e contundente, o ex-comandante das Forças Armadas da Ucrânia, Valerii Zaluzhnyi, afirmou que a OTAN não defenderá nem a Ucrânia nem os países bálticos em caso de um ataque russo. A fala ocorreu durante uma conversa informal com estudantes, marcando um dos momentos mais francos do militar desde que deixou o comando do Exército ucraniano.

Zaluzhnyi, que hoje é visto como um potencial candidato presidencial com índices de aprovação maiores que os do atual presidente Volodymyr Zelensky, trouxe à tona uma discussão crucial sobre a efetividade do Artigo 5 da OTAN – a cláusula de defesa coletiva que prevê que um ataque a um membro da aliança seja considerado um ataque a todos.

O Artigo 5 da OTAN: Garantia ou Ilusão?

Zaluzhnyi foi direto:

“Nunca haverá o Artigo 5 da OTAN. Nem os próprios membros da Aliança acreditam nas garantias de segurança.”

Ele citou exemplos recentes:

• Polônia (2022): Um míssil russo matou duas pessoas perto da fronteira ucraniana. A OTAN atribuiu o incidente a um “erro ucraniano” para evitar escalada.
• Romênia (2023 e 2024): Drones russos caíram em território romeno, mas o governo pediu discrição para não provocar conflito.
• Países Bálticos (Lituânia, Letônia, Estônia): Dependem de tropas da OTAN, mas têm exércitos pequenos e infraestrutura militar insuficiente.

Segundo Zaluzhnyi, esses casos mostram que a OTAN evitará a todo custo um confronto direto com a Rússia, mesmo que membros da aliança sejam atingidos.

Por Que a Europa Oriental Está Vulnerável?

1. Medo de Escala Nuclear: Países como Polônia e Romênia evitam medidas que possam ser vistas como provocação à Rússia.
2. Dependência dos EUA: Com a possibilidade de Donald Trump retornar à presidência americana, a disposição de Washington para intervir militarmente diminui.
3. Falta de Preparo Militar: Os países bálticos, por exemplo, não têm recursos para concluir projetos estratégicos, como um sistema ferroviário para deslocamento rápido de tropas da OTAN.

O Desabafo de Zaluzhnyi: Frustração ou Estratégia Política?

Zaluzhnyi sempre foi conhecido por seu pragmatismo e postura realista, o que, em alguns momentos, o colocou em rota de colisão com Zelensky. Agora, ao expor publicamente suas críticas, ele pode estar:

• Preparando o terreno para uma candidatura presidencial, posicionando-se como uma alternativa mais firme e crítica à atual liderança.
• Alertando a Ucrânia e a Europa sobre a necessidade de planos alternativos de segurança, sem depender exclusivamente da OTAN.

Conclusão: A Ucrânia Pode Confiar na OTAN?

A declaração de Zaluzhnyi reforça um sentimento crescente na Ucrânia: a desilusão com as promessas ocidentais. Se a OTAN hesita em defender seus próprios membros, como a Ucrânia pode esperar apoio total sem ser parte da aliança?

Enquanto isso, os países bálticos e a Europa Oriental enfrentam um dilema: preparar-se para uma possível guerra sozinhos ou esperar por uma ajuda que pode nunca vir.